terça-feira, 21 de outubro de 2008

Síndrome da Deficiência Espiritual...


"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

(Mário Quintana)

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Encontro...

Hoje fui visitar um amigo no hospital. Esta foi mais uma de muitas das suas passagens pelos leitos hospitalares nos dois últimos anos. Seu rosto estava abatido; seu corpo fragilizado; seus movimentos estavam lentos, mas havia um brilho nos seus olhos, revelando uma espécie de alegria infantil, como de uma criança que esta desbravando um mundo novo. Há dois anos, o diagnóstico veio como uma bomba – câncer. Depois de uma cirurgia mutiladora, vieram as devastadoras quimioterapias. Quando tudo parecia estar sob controle, dois tumores entraram em cena, causando dores insuportáveis. Uma nova cirurgia foi marcada. Agora, segundo os médicos, se tudo der certo, os tumores serão extirpados, mas ele ficará preso a uma cadeira de rodas. Confesso que tenho orado pelo meu amigo com um certo constrangimento na alma. Quero vê-lo curado. Gostaria de vê-lo testemunhando aos quatro ventos, a chegada do milagre. Que teologia a minha que não dá conta, quando o sofrimento revela a sua face mais cruel. Mas, e aquele brilho nos olhos, de onde vêm? Depois de alguns minutos, de silêncio, onde nenhuma palavra fazia mais qualquer sentido, é que eu me toquei que o brilho vinha lá do fundo da alma. Meu amigo havia encontrado algo que poucos conseguem. Um novo universo, para dentro de si mesmo. Uma espécie de santo dos santos, onde só ele e Deus têm acesso. Não ousei dizer mais nada! Tive apenas a sensação de que estava diante da coisa mais sagrada que existe no mundo – o genuíno encontro do homem com Deus.