quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Carta da Terra

No dia 14 de março de 2000 na Unesco em Paris foi aprovada depois de 8 anos de discussões em todos os continentes, envolvendo 46 paises e mais de cem mil pessoas, desde escolas primárias, esquimós, indígenas da Austrália,do Canadá e do Brasil, entidades da sociedade civil, até grandes centros de pesquisa, universidades e empresas e religiões a Carta da Terra. A Carta da Terra, foi apresentada e assumida pela ONU, em 2002, após aprofundada discussão, e tem o mesmo valor da Declaração dos Direitos Humanos. A Carta da Terra é uma declaração de princípios fundamentais para a construção de uma sociedade global no Século 21 que seja justa, sustentável e pacífica. O documento procura inspirar em todos os povos um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade compartilhada pelo bem geral. Em um momento no qual grandes mudanças na nossa maneira de pensar e viver são urgentemente necessárias, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher um caminho melhor. Além disso, nos faz um chamado para procurarmos um terreno comum no meio da nossa diversidade e para que acolhamos uma nova visão ética compartilhada por uma quantidade crescente de pessoas em muitas nações e culturas ao redor do mundo.


PRINCÍPIOS


I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.

2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.

3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.

4. Garantir a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA
5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e quando o conhecimento for limitado, tomar o caminho da prudência.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a troca aberta e uma ampla aplicação do conhecimento adquirido.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA
9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social, econômico e ambiental.
10. Garantir que as atividades econômicas e instituições em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, ao cuidado da saúde e às oportunidades econômicas.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, dando especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

IV.DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ
13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e proporcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício do governo, a participação inclusiva na tomada de decisões e no acesso à justiça.
14. Integrar na educação formal e aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

3 comentários:

Pablo Ramada disse...

Da teoria a prática tem um abismo enorme não é?

Mas precisamos nos conscientizar de trabalhar localmente visando globalmente.

A carta é ótima.

Felipe Fanuel disse...

Caro Neuber,

Conheço a "Carta da Terra" de um livro do Leonardo Boff chamado Ética e Moral. Seu conteúdo é extremamente relevante e merece ser pregado nas portas das igrejas tal como foi as lendárias teses de Lutero na portas da Igreja Cristã do século XVI. Quem sabe no mês da Reforma a gente não reflita sobre isso? Afinal, os verdadeiros profetas de nosso tempo devem pregar o óbvio: cuidar da criação de Deus.

Um forte abraço.

Mentoria Espiritual disse...

Prezado Felipe,
Sabe que eu não tinha pensado nisso. Tratar o texto da carta da terra como as 95 teses que Lutero afixou na porta da Igreja do Castelo. Você acha que precisamos de uma reforma teológica com foco não mais na eclesiologia, mas sim no meio-ambiente?
Gostei dessa.