segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Inteligência Espiritual resgatando nosso senso de comunidade...

Nos últimos 60 anos, nós temos vivido em uma cultura narcisista, onde o “EU” passou a ocupar o primeiro lugar. Tudo em nossa cultura tem sido sobre “EU”, “EU”, “EU”...
Todos os dias na televisão nós assistimos anúncios que dizem: “Fazemos tudo isto por você”. “Faça do seu jeito”. “Você tem que pensar no que é melhor para você”.
Isto acabou nos conduzindo para um beco sem saída. Vivemos num tempo onde os muitos “EU’s” se chocam entre si. Onde os muitos “EU’s” não fazem um todo. Onde os muitos “EU’s” vivem em um permanente estado de estranhamento.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, em seu livro Amor Líquido, aborda a fragilidade dos laços humanos, na sociedade contemporânea, vai observar que o fato de nós sermos estranhos uns para os outros no contexto da cidade, não é exatamente uma coisa inédita, o ineditismo está em que nós nos mantemos como estranhos por um longo tempo, e até mesmo perpetuamente.
Vivemos num tempo de grande egocentrismo. E isto, nos conduziu para um sentimento de solidão, sem precedentes em nossa história. Vivemos em uma cultura muito solitária. Estamos muito isolados uns dos outros. Perdemos o senso de comunidade. Mesmo vivendo com tantas pessoas ao nosso redor.
As pessoas estão sentindo falta daquele senso de comunidade que foi perdido. Há uma nostalgia no ar. Acredito que juntamente com a necessidade de comunidade, também se manifesta a necessidade de Deus. Este sentimento de solidão, também nos remete a um sentimento de orfandade espiritual.
Existe, na verdade, duas histórias acontecendo em nossa cultura neste momento. Há a história da sociedade que está piorando a cada dia. Vemos o aumento da violência, a educação e saúde populares, cada vez piores, o problema das drogas. Estamos vendo a degradação de nossa sociedade, que tem repugnado muitas pessoas que estão mais materialistas do que nunca.
Mas ao mesmo tempo, há outra história acontecendo no Brasil que acredito que é um despertar espiritual que está fermentando. Um desejo e fome de conhecer a Deus. Não acho que sempre é um desejo e fome por igreja. Mas há um desejo e fome de conhecer a Deus. Reflexo de um desencanto com a vida, de um sentimento de nostalgia de algo foi perdido ao longo do caminho.
A Igreja de Cristo, como comunidade da fé, precisa estar pronta para receber esse monte de gente frustrada, decepcionada com a existência, e com uma saudade imensa de Deus.
A Bíblia chama a igreja de o corpo de Cristo. E por muito tempo a igreja teve as duas mãos e os dois braços amputados, e tem sido apenas uma grande boca. Fala... fala... fala... e fala mais um pouquinho. O problema é que as pessoas se cansaram de tanto blá, blá, blá... A igreja de Cristo precisa reconquistar o direito de ser ouvida. E para isso, precisa recolocar as mãos e os braços.
Acredito que a igreja é chamada não apenas para falar, mas compartilhar, amar, ajudar, construir e lidar com questões como pobreza, violência, analfabetismo, abandono, doenças... Estas coisas estão engolindo as vidas de muitas pessoas.
A Igreja de Cristo precisa existir como um corpo saudável e completo, com boca, com braços, com mãos, com pernas, com ouvidos, com olhos e com coração que pulsa no ritmo da graça de Deus

Um comentário:

Pablo Ramada disse...

Quão bom seria se as pessoas que lessem esse post lessem em seguida o meu de hoje, pois combinam perfeitamente. Hoje escrevi um pouco mordido, principalmente comigo mesmo.

Sabe aqueles dias em que Deus te confronta e você demora para acreditar? Pois é, hoje eu tive que me render antes de escrever e dizer: Deus tu sempre tem razão.

Principalmente porque ele disse isso novamente ao ler sua postagem, como eu gosto de fazer as coisas sozinho e receber elogios.

Eu quero mudança, eu quero crescer, eu quero testemunhar.